Uma das facilidades da maioria das distribuições Linux em relação ao Windows é, certamente, o sistema de gestão de pacotes onde, basicamente, a maioria dos aplicativos que precisamos para operar o sistema estão disponíveis, pré-compilados e testados, em repositórios conhecidos e mantidos pela comunidade. Assim, para instalar um programa, em vez de procurar pelo instalador na Internet, baixar (muitas vezes de fontes não confiáveis) e seguir os passos de instalação, no Debian, normalmente, basta digitar um comando, que tudo se resolve.
Advanced Packaging Tool, em português Ferramenta de Empacotamento Avançada, é um conjunto de ferramentas usadas pelo GNU/Linux Debian e suas respectivas derivações, entre eles o Ubuntu, para administrar os pacotes .deb de uma forma automática, de modo que quando um programa é instalado o APT instala e/ou atualiza também todos os pacotes que são necessários para o funcionamento do programa, as famosas "dependências".
Fonte: Wikipedia 🔗
Para usar o APT, primeiramente, precisamos configurar o aplicativo para acessar os repositórios oficiais de pacotes para o Debian na Internet. A configuração é feita no arquivo "/etc/apt/sources.list". Se ainda não o fez, logue-se com as credenciais do root e abra um terminal (Menu "Aplicações" → "Emulador de terminal" no Xfce). Abra o arquivo no editor de textos comandando:
mousepad /etc/apt/sources.list
Edite o arquivo para apontar para os repositórios do Debian Bulleye, que é o nome oficial da versão 11 deste sistema. Este arquivo deve ficar assim:
# Pacotes e aplicativos pré-compilados
deb http://deb.debian.org/debian/ bullseye main
# Códigos fonte dos pacotes e aplicativos (opcional)
deb-src http://deb.debian.org/debian/ bullseye main
# Atualizações (patches) de segurança
deb http://security.debian.org/debian-security bullseye-security main
# Códigos fonte das atualizações (patches) de segurança (opcional)
deb-src http://security.debian.org/debian-security bullseye-security main
# Atualizações do sistema (kernel, módulos, ...)
deb http://deb.debian.org/debian/ bullseye-updates main
# Códigos fonte das atualizações do sistema (kernel, módulos, ...) (opcional)
deb-src http://deb.debian.org/debian/ bullseye-updates main
Edite com cuidado, prestando atenção aos endereços e espaços. As linhas que iniciam com "#" (hash) são comentários e opcionais recomendados.
Salve o arquivo, teclando [Ctrl] + [S] → [Enter] e saia do editor teclando [Ctrl] + [Q].
Observe que estamos usando os repositórios do próprio Debian (http://debian.org/), mas podemos otimizar o download dos pacotes apontando para repositórios espelho mais próximos. Uma lista de "espelhos" disponíveis ao redor do mundo pode ser vista à partir da página oficial:
Existe uma imensa comunidade de participantes do "ecossistema Debian", certamente a distribuição Linux mais descentralizada, colaborativa e popular que já existiu. Isso faz com que o Debian tenha diversos repositórios de pacotes de aplicativos pré-compilados, espalhados pelo mundo. Normalmente, os repositórios mais próximos são mais rápidos, mas isso não é regra. Se você pesquisar a "lista de repositórios Debian", vai encontrar muitos endereços, inclusive no Brasil. Atente apenas para que os escolhidos estejam atualizados com os pacotes mais recentes.
Antes de seguir, verifique se o sistema tem acesso à Internet, verificando as respostas positivas do comando:
ping google.com
Acessando a Internet, o comando abaixo recarrega as configurações dos repositórios do APT, verificando sua consistência. Sempre use esse comando antes de instalar pacotes e verifique se não ocorrem erros nas respostas. Em caso de erros, verifique seu arquivo "/etc/apt/sources.list":
apt update
Para testar um exemplo, vamos instalar o "links", que é um navegador web para o console (?), comandando:
apt install links
Com a instalação concluída, teste o aplicativo com o comando:
links www.google.com
Dentro do aplicativo, use as setas do teclado para auxiliar na navegação e pressione [Q] para sair do navegador.
O comando abaixo vai instalar alguns aplicativos "legados" para configuração de redes como o "ifconfig", muito usado nas versões anteriores do Debian e que pode ser útil no futuro:
apt install net-tools
Para testar o pacote, execute o comando:
ifconfig
A saída deve ser as configurações e estatísticas TCP/IP das interfaces de rede do sistema, algo como:
Agora, opcionalmente, você pode usar "ifconfig" no lugar de "ip address", na maioria dos casos, porque ele tem uma saída mais limpa e fácil de entender, pelo menos, para mim.
Podemos ainda, atualizar o sistema inteiro, mas isso pode demorar um pouco dependendo da idade do seu sistema e da velocidade da sua conexão com a Internet, mas é altamente recomendado. Comande:
apt upgrade
Opcionalmente, podemos instalar mais um programa essencial em qualquer sistema, um antivírus, comandando:
apt install clamav clamav-daemon
O Clamav é um antivírus totalmente open source e gratuito. Também existe o Clamwin que é a versão Windows do Clamav, então, no futuro, vamos usar no Windows também.
Normalmente, não é preciso, mas, para recarregar o scan automático do Clamav, comande:
service clamav-daemon restart
service clamav-freshclam restart
Vamos instalar mais um pacote, o "lynx" que também é um navegador em modo texto. Comande:
apt install lynx
Teste-o comandando:
lynx www.google.com
Aff! Navegar em modo texto? Tá, isso é horrível e provavelmente você não vai gostar do "lynx", então, para praticar, vamos removê-lo. Para remover um pacote instalado, comandamos:
apt remove lynx
Ou seja, para remover um pacote, trocamos "install" por "remove" no comando "apt".
Com a gestão de pacotes configurada, já temos um sistema Linux básico previamente configurado tanto como sistema, quanto na rede e na Internet. Agora, podemos "converter" esse sistema básico em alguma coisa útil. Nos passos seguintes vamos ativar os serviços mais comuns para quando precisarmos um ambiente cliente/servidor livre na nossa rede.
Com a prática em instalar e fazer as configurações iniciais, não demoramos nem 60 minutos para ter um sistema Debian básico funcional e disponível como um ambiente de testes, de desenvolvimento e até mesmo de produção das nossas aplicações na nossa rede. Esse é um dos motivos que tornam o Linux tão popular como servidor.
Além disso, o Oracle VirtualBox, assim como outros hipervisores, permite salvar uma VM na forma de "Virtual appliance" para que possa ser recuperada, caso a versão em operação seja danificada. Então, este pode ser o momento ideal para gerar seu backup!